quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

VIROU RUA

VIROU RUA

20 Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão.

Livro do Pregador, cap. 3:20.



Carro de boi em rua de terra.



Nasceu em berço de ouro 

E ignora que o seu tesouro

Virará pó

Após rodar a sua mó

No corpo material,

Que descerá afinal

Ao fundo da cova

Onde cada célula se renova

Para formar novo corpo.


"Era um grande nome - ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu, morreu, virou rua... E continuaram a pisar em cima dele."




Mário Quintana (1906 - 1994).

Poeta, tradutor e jornalista brasileiro.


O pó sempre dá rasteira.

Deixa o orgulho ferido

E o orgulhoso segue inibido

Escoltado por mais de um amigo

No seu tempo do fim...


"Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa, completamente silencioso,
Até a glória de ficar silencioso,
Sem pensar."




Cecília Meireles (1901-1964).

Professora, escritora, jornalista, pintora e poetisa brasileira.


Toda pessoa vira rua,

Seja curta ou pequena,

Alvoroçada ou serena,

Arborizada ou não,

Asfaltada ou rua de chão,

Silenciosa ou cheia multidão.


"Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
_O que vejo é o beco."



Manuel Bandeira (1886 -1968).

Poeta, crítico literário e de arte, professor de Literatura e tradutor brasileiro.


A calçada da fama

Mesmo suja de lama

Chama a atenção

De uma porção

Que deseja a glória.


"A glória é o sol dos mortos."



Honoré de Balzac (1799-1850).

Escritor francês.

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