FLOR DA LUA
Se disserem:
Vem conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem
motivo, os inocentes; traguemo-los vivos, como o abismo, e inteiros, como os
que descem à cova.
Provérbios de Salomão, cap. 1:11 e 12.
Salomão, rei, juiz, escritor, compositor e poeta judeu.
A Flor da Lua
Com seus raios argênteos
Destrói as fibras tenebrosas
Das aranhas venenosas
Que se lançam nos ares
Em forma de gases.
A Flor da Lua
Com seus raios prateados
Leva para todos os lados
A força da Flor da Noite
Que abre todas as bocas.
Flor da Lua
A Flor da Lua dá vida
Aos seres sem corpo,
Faz-los num simples esboço
Que se alimenta para viver.
Faz com que se tornem visíveis
Fora dos corpos perecíveis,
Permite que se materializem
E assim deslizem,
Pois ela cria na escuridão.
Os seres da noite usam
Os seus raios para enxergar
E assim se alimentar
Dos seres na matéria.
São as sete luas
Que dão a condição
Da mulher trazer à luz
O filho material
No meio da criação.
É sempre ela
Que em planos de expiação
Faz os seres notívagos
Sair em busca de essências
Para suprir as suas carências.
É sempre a sua força
Que permite aos seres do escuro
Sobreviver no soturno
De vidas materiais.
Ela é a guardiã
Da parte mais escura,
Separando o tempo
Da hora diurna e noturna.
Seis horas da tarde
Começa a hora da Flor da Lua
Espalhando as suas energias
Para as deformadas enguias
Que fingem ser homens.
Até a zero hora
Ela põe para fora
Todo o seu malefício
Permitindo sacrifício.
“Nada há que me domine e
que me vença
Quando a minha alma mudamente acorda...
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.”
Quando a minha alma mudamente acorda...
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.”
Cruz e Sousa, poeta brasileiro (1861-1898).